Cajuína (1979) Caetano Veloso | Ponto da Dança | Performance @Wash_Santos
(IMPROVISO) Washington Santos
Escarpas do Lago, Capitólio - MG
"BAILE PONTO DA DANÇA 2014"
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"Cajuína", de Caetano Veloso, música que ele gravou em 1979 e
é uma das melhores do seu disco "Cinema Transcendental". É uma pequena canção que para muitos não tem sentido algum. Pois tem e muito! Tanto para o compositor quanto pra família do jornalista, escritor e poeta Torquato Neto. Ele era piauiense, filho do Dr. Heli da Rocha Nunes, que foi advogado de oficio e militante espírita em Teresina, tendo desencarnado em 2010, aos 97 anos de idade. Torquato foi um dos grandes poetas da Tropicália e cometeu suicídio em 1972, abrindo o gás e fechando as janelas do seu apartamento no Rio de Janeiro. Era casado e tinha um filho. Essa tragédia foi que motivou Caetano à composição desta pequena canção. Ela é muito sugestiva porque questiona o problema ou mesmo o drama do existir, interrogando desta forma a quem souber responder: "existirmos -- a que será que se destina?"
O jornalista, poeta e escritor piauiense Paulo José Cunha, sobrinho do Dr. Heli Nunes, pai do poeta falecido (um dia após completar 28 anos), esclarece melhor:
"Caetano havia chegado a Teresina para um show, estava muito triste. Retornava pela primeira vez à cidade onde havia nascido um de seus principais parceiros na Tropicália e seu grande amigo, o poeta Torquato Neto, meu primo, que havia se suicidado em 1972. Caetano procurou Tio Heli, pai de Torquato. Já se conheciam do tempo em que Tio Heli ia a Salvador ver Torquato, que estudava na mesma escola de Caetano. Levou Caetano pra casa, serviu-lhe uma cajuína, e procurou consolá-lo, pois Caetano chorava muito, convulsivamente. Em determinado instante, Tio Heli saiu da sala e foi ao jardim, onde colheu uma rosa-menina, que deu a Caetano. Ali mesmo os versos de Cajuína começaram a surgir, entre antigas fotos do menino Torquato, penduradas pelas paredes."
Depois de alguns anos apareceram em disco esses versos monumentais de Caetano na música "Cajuína" de sua autoria:
"Existirmos - a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina."